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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Peter Murphy - 1 de Novembro, Casa da Música, Porto



Antes de mais, devo explicar que quem vos escreve esta critica é um gótico que teve o prazer de ter visto o concerto de Bauhaus aquando da reunião dos mesmos e permanece fã de Peter Murphy a solo, pelo menos de alguma parte da sua carreira. Quer esta pequena introdução dizer que não era para mim importante ouvir nesse Domingo músicas da mítica banda, já que não eram eles que estavam em palco – Bauhaus não são (eram) apenas Peter Murphy.


A Casa da Musica é um edifício de excelência e isso entusiasmou-me para a noite que se adivinhava grande. À entrada vários funcionários dispunham-se a orientar as pessoas pelas entradas que ficavam mais perto dos seus lugares, algo agradável, pelo menos para um visitante novo como era o meu caso. Mal sabia eu que os mesmos funcionários iriam mais tarde tomar o papel de polícias no topo das filas para que ninguém tirasse fotografias do concerto – uma atitude que no mínimo será ridícula: toda a gente sabe que se fazem verdadeiras fortunas com os registos de concertos tirados por telemóvel...


Seguindo, até porque a presente critica se quer musical, às dez horas em ponto Lettie entra em palco. A inglesa com o seu ar meio desajeitado encantou a plateia, primeiro com a companhia de uma guitarra e uma panóplia electrónica, e depois, um pouco mais solta de movimentos, com um companheiro em palco. A actuação teve por base "Age of Solo", o primeiro álbum editado o ano passado tendo ficado no ouvido "Criminal" (bastante mais crua e dura ao vivo que a versão que poderá ser ouvida no myspace), "Hang On" e "Everyman".


Após a excelente primeira parte e um intervalo de 30 minutos, eis que as luzes se apagam e com uma pequena intro, Peter Murphy e companhia entram em palco para dar inicio a "Velocity Bird". O público entra num delírio contido (que me perdoem mas continuo sem entender concertos de rock sentados). Peter Murphy tem uma voz incrível e única, incrível porque se mantém quase inalterável ao cabo destes anos todos e porque ainda encontra energia para de quando em vez revelar um entusiasmo quase adolescente.

Surpreendente, pela positiva, foi a escassez de visitas ao passado (leia-se aos Bauhaus), tendo a meu ver apenas manchado esta estratégia pela utilização de um excerto da letra de "Bela Lugosi's Dead" no meio da "Strange Kind of Love", se a ideia era criar um distanciamento de Bauhaus, a meu ver compreensível, então porque não faze-lo com alguma dignidade? Assim o concerto começa com um desfilar de musicas novas onde que se nota um Peter Murphy mais eléctrico (o escriba rejubila com a mudança) sendo intervaladas por relíquias do passado como as covers de "She's in Parties" e "To Much 21st Century" dos Bauhaus (ironia subliminar), e do próprio, "I'll Fall With Your Knife" e "Marlene Dietrich's Favourite Poem", sempre arrepiantes e memoráveis, a primeira parte acabaria como começou o concerto, com uma poderosa "Uneven and Brittle". O primeiro encore trouxe a já referida "Strange Kind of Love" numa versão, a meu ver, pouco feliz, e a surpreendente "Gliding Like a Whale", mas para último e sem surpresas ficou reservado o êxito pipoca "Cut's You Up", que manteve o publico que entretanto se levantara para aplaudir, em pé, seguida da extraordinária e muito esperada cover de "Transmission" dos Joy Division, que fez com que o escriba se levantasse e ensaiasse alguns passos de dança, entre a cadeira onde esteve sentado e a cadeira da fila da frente, só para parar numa medíocre cover de "Space Odity" que encerrou a noite com todos os músicos deitados no palco. Seria um final grandioso se "Ziggy Stardust" fosse a cover escolhida… mas isso seria uma cover de uma cover que os Bauhaus fizeram, e seria, provavelmente, um pouco demais. ;)


Em resumo, Peter Murphy esteve igual a si próprio, a voz ainda encanta, o corpo ainda tem energia, apesar da careca à frade que já se insinua e as novas musicas prometem.


A fotografia disponibilizada é do palco antes do início dos concertos e serve como protesto, o áudio do concerto existe (e decerto modo é também em si um protesto) – caso consiga converte-lo e torná-lo minimamente decente colocarei um link para usufruírem. Para já fica o alinhamento de um bom concerto :


1 - Velocity Bird

2 - Peace to Each

3 - Disappearing

4 - I’ll Fall With Your Knife

4 - Memory Go

5 - Marlene Dietrich’s Favorite Poem

6 - Time Has Nothing To Do With It

8 - Secret Silk Society

9 - To Much 21 st Century (Bauhaus)

10 - ?

11 - The Prince and Old Lady Shade

12 - Deap Ocean, Vast Sea

13 - Uneven and Brittle


1º Encore


1 - Strange Kind of Love/Bela Lugosi’s Dead (Peter Murphy/Bauhaus)

2 - Shes in Parties (Bauhaus)

3 - Gliding Like a Whale


2º Encore


1 - Cuts You Up

2 - Transmission (Joy Division)

3 - Space Odity (David Bowie)



2 comentários:

katrina a gotika disse...

Grande crítica, como sempre. Até me faz ter pena de não ser grande fã dos últimos trabalhos de Peter Murphy a solo.
Quanto aos "concertos sentados", é de facto um enigma. As galerias laterais do Coliseu de Lisboa têm uma certa piada porque não são cadeiras, e uma pessoa até se pode levantar e pular se for preciso. Cadeiras não compreendo, e é por esse motivo que não vou à Aula Magna, onde me apanharam uma vez a ver Violent Femmes e jurei para nunca mais.

katrina a gotika disse...

PS: Uma vez puseram cadeiras na plateia do Coliseu, para os Sugarcubes! Eu estava a ver quando é que as cadeiras começavam a saltar pelos ares... Não aconteceu, mas andou lá perto. Foi engraçado.