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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lock The Target - 02-10-2009 - Ezylohm_tek, Lokomotiv, Attrition


Urgia a necessidade de escolher um dia do festival Lock The Target, aproveitando o fim-de-semana que se avizinhava no Porto. Tendo em conta a vertente “Industrial/electrónica/Gótica(??)” do cartaz cabia-me a árdua tarefa de escolher dos três dias aquele que para o meu gosto seria o menos mau e foi aí que Attrition me soou a música angelical no meio da restante tortura auditiva.

Tanto quanto possível, tentarei deixar os gostos pessoais de fora ao fazer esta critica, mas não espere o leitor uma total isenção até porque criticas isentas são uma utopia…


Dois de Outubro: primeiro dia do festival. Pelo que tinha ouvido das bandas no myspace o cartaz deixava-me curioso, principalmente pelos portugueses In[Perfection], senhores de um EBM interessante em estúdio e pelo duo Inglês, Attrition, cuja junção de elementos clássicos e electrónicos resulta tão bem …


Ora, um fim de semana fora é sinónimo de uns dias sem andar pelas páginas de Internet do costume e isso revelou-se um erro enorme neste. Ao chegar à bilheteira do concerto no Maus Hábitos, e depois de uma tentativa gorada de assassinato pelas portas do elevador (descobri que há um síndrome do Martim Moniz e comecei a sofrer dele…), fui informado pelo simpático e competente senhor que me vendeu as entradas que o cartaz tinha sofrido uma alteração de ultima hora e que mais tarde vim a descobrir ser apenas uma, mas duas: os In[Perfection] tinham passado para o alinhamento de Sábado sendo trocados por um tal Ezylohm_tek, que por sua vez, teve que se chegar à frente após a saída de cartaz de Tactical System.


Após estas peripécias e com o atraso que infelizmente os nossos eventos nos habituam aproveitei para conhecer o espaço, beber uma imperial no pátio interior e fumar uns cigarritos. O espaço é agradável, como associação cultural que é tem um bar amplo, o tal pátio (refugio dos fumadores), várias áreas de exposições e uma sala de eventos ao vivo. São 23h35 quando entro na sala já com o Ezylohm_Tek no palco… entrei e ainda demorei uns segundos para me aperceber se estaria alguém a fazer algum tipo de ensaio ao som ou se era mesmo já um concerto – tal como referi no inicio não sou fã de musica electrónica muito menos deste industrial que hoje se ouve, mas não percebo um concerto em que o artista está praticamente imóvel atrás de um portátil – que me perdoe o Sr. que, sei hoje, teve que se atirar para a fogueira à ultima da hora. Como a musica não me agradava (a espaços fez-me lembrar anúncios a cds de tunning) e o “músico” não estimulava, a visão de uma mesa vazia ao pé da janela teve mais encanto e sentado permaneci o resto do primeiro concerto, à semelhança de quase todos os presentes na sala.


A entrada do duo Lokomotiv em palco foi festiva e desde logo se percebeu que jogavam em casa, durante todo o concerto as “bocas” entre o público e a banda revelaram cumplicidades. O concerto revelou, aos meus ouvidos, uma banda agressiva e pouco melódica, honestos e coerentes – “o que escutas em casa é o que vês ao vivo”. Foi a interacção atrás referida que me fez levantar por uns momentos da cadeira para ver melhor a actuação de Nelson e Alex, o concerto começou com um cheiro a NIN, aliás referido e muito bem pela minha companhia, “Animal” (será este o nome da música?) abriu as hostilidades com alguma qualidade que forçosamente foi decaindo porque para quem não gosta, este tipo de musica acaba por ser cansativo e repetitivo. Mas isto não é uma crítica musical e o que é certo, é que o público do inicio ao fim esteve com a banda, dançou e gostou, já eu, lá para o meio já bocejava e questionava que raio seriam aqueles focos que se viam da janela.


E chega a hora dos Attrition… Sin, que já andava para trás e para a frente desde que chegamos ao espaço, manteve o vaivém até ao minuto em que subiu ao palco. As expectativas eram altas e mais altas ficaram após as duas desilusões, pessoais. Cabia-lhes a terrível tarefa de me fazer esquecer tudo o que havia passado até então, e penso que em parte, terá sido isso que os prejudicou, tanto na minha avaliação como na sua prestação – não consigo tirar da cabeça a ideia que se sentiram perdidos e provavelmente ligeiramente alterados: é que desde o concerto de CD1334 na Caixa, que me apercebi que ingleses e vinho tinto não combinam, depois do concerto está bem, mas antes é um risco enorme…


Competentes, ao vivo soam mais crus, a componente electrónica sobressai, a meu ver demasiado, o que faz com que a (boa) voz de Sin (que em disco permite uma ligação ambiental e quase neo-clássica) pareça colada com cuspo.

As músicas ao vivo, pelos factos referidos anteriormente, acabam por ganhar outra dimensão sempre que a voz de Martin Bowes aparece. De certa forma, a sua voz dá-lhes uma componente mais teatral, já que actua como contrapeso à voz de Sin e nela encontra o complemento que a parte instrumental ao vivo não lhe consegue dar.

Martin é um performer, é teatral e isso notou-se ao longo do concerto: sempre de incenso na mão – Sin tentou o mesmo com uma garrafa de vinho, mas sem igual sucesso. O seu lado performativo continua mesmo quando o erro surge e a folha A4 com a letra precisa sair do bolso – esta é incorporada como mais um elemento do concerto, rasgando-a aos poucos durante a música e lançando os pequenos pedaços para o público. Martin fez, inteligentemente, o que Sin não conseguiu quando na última música da noite também ela se esqueceu da letra: assumir o erro e inclui-lo na sua prestação de modo a não fazer mossa. Em resumo, embora longe do brilhantismo que oferecem em disco, os Attrition mesmo que dessem o concerto deitados seriam de longe o melhor da noite.



Os concertos, a falta de tabaco e de dinheiro para mais cerveja, não permitiram que o escriba e sua companhia permanecessem para a “after party” com os Djs Yggdrasil e Djane Infekt[ion].


As fotografias, como é hábito, foram tiradas com um telemóvel e a qualidade é… duvidável.

4 comentários:

katrina a gotika disse...

Gostei muito da crítica, principalmente do estilo. (Já pensaste em escrever um livro?...)

«entrei e ainda demorei uns segundos para me aperceber se estaria alguém a fazer algum tipo de ensaio ao som ou se era mesmo já um concerto –»

Eu passei por uma experiência semelhante na Caixa, uma música infernal com um filme de uma ovelha como pano de fundo. Se que a discrição já parece infernal, agora imagina a realidade...

«é que desde o concerto de CD1334 na Caixa, que me apercebi que ingleses e vinho tinto não combinam, depois do concerto está bem, mas antes é um risco enorme…»

Ora aí está uma observação notável. Peter Murphy tem preferência pelo vinho do Porto. Espero que o beba "after" e não "before". Estes ingleses só estão habituados a pints de cerveja preta, e confundem com ela o vinho, e a certa altura vão pints de vinho por ali abaixo, o que nós chamamos penalty ou copo de três, e de que conhecemos muito bem os efeitos... mas eles não. :)

katrina a gotika disse...

Correcção: penalty ou copo de três não é, segundo sei, equivalente a uma pint (que é uma medida esquisita num copo de cerveja grande). Acho que o copo de três é do mesmo tamanho em que se bebe um galão, mas corrijam-me se estiver errada.

I Am No One disse...

O Peter Murphy com as vezes que já actuou em Gaia já devia estar mais tolerante ao vinho do Porto :p

I Am No One disse...

e...(Deixo os livros para quem escreve ;))... Mas obrigada na mesma.