Antes de mais, o meu contrito
mea culpa por não ter escrito sobre o Club Noir mais cedo quando já o podia ter feito. (A preguiça é um pecado tão feio...)
Depois de tantos anos sem alternativas, em Lisboa, a coisa começa a compor-se. Foi com muito agrado que conheci o Club Noir, inaugurado na rua da Madalena (baixa) em Fevereiro. Aqui está um espaço com tudo para agradar e todas as potencialidades que se possam imaginar.
À entrada, junto ao bar, existe uma sala onde se facto se pode conversar em grupo. A música é audível e a pista de dança é visível mas não atrapalha o convívio.
A mencionada pista de dança, por sua vez, ocupa exactamente o espaço suficiente para ser ao mesmo tempo intimista e convidativa (em suma, uma pista de dança "a sério", ao contrário de pista de dança improvisada como acontece em tantos bares). De facto, se estivéssemos nos anos 80 chamaria ao espaço nada mais nada menos do que bar/discoteca, porque é precisamente o que o espaço oferece. Mais nas "profundezas" há uma terceira sala, a que chamo a sala dos sofás, que oferece oportunidade para conversas mais... "aconchegadas". Aqui a minha opinião não é muito favorável (mas sou suspeita à partida porque detesto sofás): a música na "sala dos sofás" é tão elevada como na pista de dança e os sofás, se houvesse mais luz, dariam ao espaço um aspecto de "sala de espera". Talvez uma sala a melhorar, na minha opinião.
Tirando os sofás (que segundo me disseram já lá estavam quando o bar foi adquirido) nada a apontar à decoração e à iluminação. Podia ter um toque mais "pessoal" mas acredito que com o tempo, e os cartazes, e as recordações, chega-se lá.
Quanto à música, pelos dois eventos a que assisti fiquei com a impressão que depende do DJ ou da temática da noite, o que também é bom sinal. Respeitam-se os gostos das pessoas e não se engana ninguém caindo nos mesmos êxitos do costume, batidos e "rebatidos" por todo o lado. (Uma das coisas de que gostava na antiga Juke Box -- a do Bairro Alto -- era entrar lá e não conhecer nada do que estava a passar. A mim nunca ouvirão criticar música obscura.)
Por último, mas não menos importante, gostava de realçar a localização. O facto de se situar na baixa, numa rua afastada do
mainstream dos bares (Cais do Sodré, Bairro Alto, etecetras e tais que não vou referir) é um ponto muito positivo. Quem frequentava a Juke Box, à tarde e a noite, na rua da Fé, sabe bem do que falo. O Club Noir, tal como a Juke da r. da Fé, tem a vantagem de ser apenas frequentado por gente que sabe para onde vai e para o que vai. Gente da cena, gente que não cai lá de pára-quedas. Talvez, com o tempo, surja a mística que o ambiente pede e encoraja. Logo, toca ir ao Club Noir e a espalhar a palavra pelos amigos. Das vezes que fui não me pareceu que estivesse suficientemente "povoado", certamente por ser um sítio ainda novo. Por isso insisto, toca a ir! Toca a recriar a mística! E já agora, toca a recriar a "dança em círculo". Isso, infelizmente, tem-se perdido, e cá por mim tenho saudades da cumplicidade que se criava. (Sabem do que falo, não sabem?...)
Um ponto negativo apenas: Já estou mal habituada desde que os bares começaram a fechar mais tarde em Lisboa. O Club Noir fecha mesmo às 4 da manhã. Enfim, tudo o que é bom parece que acaba sempre cedo demais, não é?