Passou um ano desde que os deathrockers e góticos de Lisboa dançaram pela última vez por entre as campas. Há que reconhece-lo, durante dois anos de existência o colectivo Graveyard Sessions criou uma reputação enorme entre a comunidade fazendo o que mais ninguém aparentemente consegue, reunir mais de cem góticos no mesmo local durante mais de quatro horas ;).
O colectivo pedia góticos e estes apareceram no Santiago Alquimista em numero suficiente para escurecerem ainda mais uma festa que se pretendia grande, de arromba, afinal é o regresso da melhor festa do género que tenho o prazer de conhecer em Lisboa, nos últimos anos.
Existirão sempre opiniões díspares, de facto parece-me mais ou menos consensual que o fim terá sido um pouco abrupto, que os locais de fumo eram insuficientes e mal localizados (facto que fez com que se acabasse por fumar onde não se devia), mas a grande maioria estava ali pela festa e ainda mais, pelo apoio ao colectivo e pela celebração do regresso.
Fazia parte do “menu” uma exposição colectiva de 3 artistas, dois concertos e a leitura de algum trabalho do José Luís Peixoto pelo próprio, restando por isso pouco tempo para os djs que, sendo cinco, mal tiveram tempo para aquecer, mas fez-se o possível: havia a necessidade de juntar esta gente outra vez num só lugar, e assim foi.
Tendo visitado os links fornecidos na divulgação, havia, não só da minha parte mas também de quem me acompanhava, alguma curiosidade em relação às pinturas da (simplesmente) Cláudia, mas, sendo o mote da exposição uma festa underground e o local escolhido um amplo hall de entrada, os artistas foram tímidos e na montagem colocaram os trabalhos demasiado arrumadinhos a um canto, de tal modo que só à saída dei por eles, no momento em que as fotografias e os desenhos estavam a ser retirados. Na minha opinião, que vale o que vale, esta mostra de arte pedia mais presença, ou mais atitude que extravasasse para além do canto protector onde os três artistas se isolaram.
De volta à festa, porque a noite foi para isso mesmo, os concertos começaram com uns Archetypo 120, formados em Guimarães em 2004 por dois membros dos extintos Restos Mortais de Isabel. Apresentaram-se com menos um membro mas muito bem dispostos, contornando sempre com bom humor as peripécias de ter menos uma pessoa em palco. Durante cerca de uma hora soaram no S.A. músicas de Obsession (álbum gravado em 2007) entre elas Angels Fall e Deception, tiveram tempo ainda para uma homenagem sentida por todos a António Sérgio com uma cover da Say It Again dos Danse Society e para uma “música de Jó”, nada mais que uma, segura, cover de Heart and Soul dos Joy Division. Em resumo no meio da boa disposição mostraram o que de bom têm feito, Nothing to loose e Now ficaram a ecoar durante um bom punhado de tempo nos ouvidos e deixam sobretudo uma vontade de ouvir os trabalhos que se seguirão.
O segundo concerto da noite estava reservado aos portuenses Bal Onirique, que apesar da fama trouxeram a Lisboa um concerto competente mas muito pouco surrealista.
Sabendo já à partida que os músicos eram bons e as músicas a condizer, restava-me a esperança de ver eclodir ao vivo o surrealismo que lhes deu o nome, e que a dança do ventre na música inicial não colmatou. Pareceram-me algo contidos em palco, e de um bom concerto fica uma pequena decepção que não o deixa chegar a excelente. Facto é que desfilaram muitas e boas musicas entre as quais Jadis et Naguèrre inspirado na relação de Rimbaud e Verlaine e Lovers Suicide, no entanto fez-me falta o caos que esperava ter visto.
Após uma breve pausa, eis que José Luís Peixoto chega ao palco para dar uma forma honesta à performance Leitura de Poesia Fúnebre. Podemos sempre alvitrar que, tal como diz a expressão popular, raramente um escritor é um bom declamador da sua obra, e sinceramente concordo, mas de outro modo a coisa não funcionaria, era necessária a humildade e o despojamento que o escritor emana para tudo aquilo fazer sentido e assim foi: por cerca de meia hora as palavras que foram ditas, tocaram mais a uns que outros, mas que tiveram o condão de calar o S.A.
Depois meus caros, depois escassa hora e meia de festa para cinco djs, ouviu-se um pouco de tudo, destacando a contínua influência espanhola no deathrock nos setlists e a presença de clássicos, notando-se o esforço que os djs fizeram para em tão pouco tempo dar uma amostra do que eram/são musicalmente as Graveyards.
As Graveyards são festas de deathrock ou seja têm como base uma influência do punk por isso não será de estranhar o sentimento de defraudamento musical que um gótico pode ter sentido, já eu, como gótico com fortes influências do punk que sou, senti-me em casa.
Foi um bom regresso, espera-se em Março uma festa mais à Graveyard e se possível, não desfazendo do S. A., num outro espaço – Karnart, Caixa Económica Operária?
O colectivo pedia góticos e estes apareceram no Santiago Alquimista em numero suficiente para escurecerem ainda mais uma festa que se pretendia grande, de arromba, afinal é o regresso da melhor festa do género que tenho o prazer de conhecer em Lisboa, nos últimos anos.
Existirão sempre opiniões díspares, de facto parece-me mais ou menos consensual que o fim terá sido um pouco abrupto, que os locais de fumo eram insuficientes e mal localizados (facto que fez com que se acabasse por fumar onde não se devia), mas a grande maioria estava ali pela festa e ainda mais, pelo apoio ao colectivo e pela celebração do regresso.
Fazia parte do “menu” uma exposição colectiva de 3 artistas, dois concertos e a leitura de algum trabalho do José Luís Peixoto pelo próprio, restando por isso pouco tempo para os djs que, sendo cinco, mal tiveram tempo para aquecer, mas fez-se o possível: havia a necessidade de juntar esta gente outra vez num só lugar, e assim foi.
Tendo visitado os links fornecidos na divulgação, havia, não só da minha parte mas também de quem me acompanhava, alguma curiosidade em relação às pinturas da (simplesmente) Cláudia, mas, sendo o mote da exposição uma festa underground e o local escolhido um amplo hall de entrada, os artistas foram tímidos e na montagem colocaram os trabalhos demasiado arrumadinhos a um canto, de tal modo que só à saída dei por eles, no momento em que as fotografias e os desenhos estavam a ser retirados. Na minha opinião, que vale o que vale, esta mostra de arte pedia mais presença, ou mais atitude que extravasasse para além do canto protector onde os três artistas se isolaram.
De volta à festa, porque a noite foi para isso mesmo, os concertos começaram com uns Archetypo 120, formados em Guimarães em 2004 por dois membros dos extintos Restos Mortais de Isabel. Apresentaram-se com menos um membro mas muito bem dispostos, contornando sempre com bom humor as peripécias de ter menos uma pessoa em palco. Durante cerca de uma hora soaram no S.A. músicas de Obsession (álbum gravado em 2007) entre elas Angels Fall e Deception, tiveram tempo ainda para uma homenagem sentida por todos a António Sérgio com uma cover da Say It Again dos Danse Society e para uma “música de Jó”, nada mais que uma, segura, cover de Heart and Soul dos Joy Division. Em resumo no meio da boa disposição mostraram o que de bom têm feito, Nothing to loose e Now ficaram a ecoar durante um bom punhado de tempo nos ouvidos e deixam sobretudo uma vontade de ouvir os trabalhos que se seguirão.
O segundo concerto da noite estava reservado aos portuenses Bal Onirique, que apesar da fama trouxeram a Lisboa um concerto competente mas muito pouco surrealista.
Sabendo já à partida que os músicos eram bons e as músicas a condizer, restava-me a esperança de ver eclodir ao vivo o surrealismo que lhes deu o nome, e que a dança do ventre na música inicial não colmatou. Pareceram-me algo contidos em palco, e de um bom concerto fica uma pequena decepção que não o deixa chegar a excelente. Facto é que desfilaram muitas e boas musicas entre as quais Jadis et Naguèrre inspirado na relação de Rimbaud e Verlaine e Lovers Suicide, no entanto fez-me falta o caos que esperava ter visto.
Após uma breve pausa, eis que José Luís Peixoto chega ao palco para dar uma forma honesta à performance Leitura de Poesia Fúnebre. Podemos sempre alvitrar que, tal como diz a expressão popular, raramente um escritor é um bom declamador da sua obra, e sinceramente concordo, mas de outro modo a coisa não funcionaria, era necessária a humildade e o despojamento que o escritor emana para tudo aquilo fazer sentido e assim foi: por cerca de meia hora as palavras que foram ditas, tocaram mais a uns que outros, mas que tiveram o condão de calar o S.A.
Depois meus caros, depois escassa hora e meia de festa para cinco djs, ouviu-se um pouco de tudo, destacando a contínua influência espanhola no deathrock nos setlists e a presença de clássicos, notando-se o esforço que os djs fizeram para em tão pouco tempo dar uma amostra do que eram/são musicalmente as Graveyards.
As Graveyards são festas de deathrock ou seja têm como base uma influência do punk por isso não será de estranhar o sentimento de defraudamento musical que um gótico pode ter sentido, já eu, como gótico com fortes influências do punk que sou, senti-me em casa.
Foi um bom regresso, espera-se em Março uma festa mais à Graveyard e se possível, não desfazendo do S. A., num outro espaço – Karnart, Caixa Económica Operária?
As fotos como sempre são do escriba ;)
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